domingo, 30 de março de 2014

PENSE EM UM TÍTULO BONITO



                                                                    Tipo essa musiquinha
                                                                   


Por tempo demais desejei outras histórias
Caminhos diferentes usando os mesmo sapatos
Não funciona assim.
Trocar a pilha do relógio sabendo que o defeito
encontra-se no ponteiro.
Ficar parada no mesmo lugar achando que se eu for
não vou saber como voltar.

É preciso se reconhecer em outros lugares
Dançar com outros pares
Encontrar o céu em outros olhares.

[[ E uma infinidade de outras rimas bonitas ]]    

Seguir adiante, estando perto ou distante,
estando triste ou alegre, terminando seus versos
com dor ou amor. 
Que venham outros tempos em que a 
compreensão continue fugindo de nós.
Que não seja preciso construir dúvidas pra
se ganhar certezas.

Que continuemos
livres 
atados
aos nossos
próprios nós.

Que continuemos esperando o que nem
sempre sabemos se vai chegar.
Que o óbvio fuja ao comum, para que nunca
me encontre quando precisar
mas sim
quando realmente procurar.

E que nada disso se faça entender
amor é feito disso mesmo.                                    


Ao Mel,
       meu coração está com você
       hoje e sempre.



                                           

quinta-feira, 27 de março de 2014

SENT.IR



Parei de sentir as coisas
Ou só me convenci a não sentir mais.
A verdade é que prazeres, de todos os tipos,
 não me prendem mais.

Mas é claro que sentia.
Sentia o vento entrando pela fresta
modesta da janela.
Lá embaixo, algumas folhas balançando.
Sentia também a maciez da folha
em contato com a ponta da caneta
enquanto escrevia qualquer coisa sem
prestar muita atenção.

No parapeito da janela
a folha balança.

A fumaça do cigarro sabia que o melhor que fazia
era se afastar para bem distante.
Sentia meu olhar, já gasto, focar em
algum ponto invisível
com exatidão.
Sentia até o verde exorbitante das folhagens,
todas loucas para ficarem secas.

Sentia sim algumas mudanças já presentes
Meu café só era café se houvesse
uma dose de conhaque disfarçada
metida no meio.
Daniel quem me ensinou o truque do conhaque
um dos poucos prazeres que tenho hoje.

E por falar em prazeres
perdi todos.

Do prazer de poucos amigos a uma boa noite de festa
Um novo rótulo de cerveja sobre minha mesa
um bom livro, uma boa música
uma boa companhia,
nada.
Nada mais era prazeroso
Nem mesmo o sexo.
Com esse já até deixei de me importar.

Os únicos prazeres ainda selados em mim
são os de assistir um bom filme e tomar café com o Daniel.
Nada além disso.

Perdi, também, o prazer em escrever
Mas neste insisto, sei que é momentâneo
então encontro nestas poucas linhas
algum tipo de salvação barata.

Vivo por me contradizer e a culpa é toda minha
Com olhos vagos, acabo intrigando alguém
que passa desapercebido em uma estação
qualquer do trem.

Minha própria valsa é triste e com insistência
eu tento convencê-los disso.
Esquecendo de convencer a mim mesma
que ter alguém até que faz bem.

Aproveitando a deixa
gostaria de dizer que mesmo sendo triste
eu sei amar.
Porém, namoro a mim mesma
seria insensato demais depositar minhas
angústias naquele trovador loiro.

Por hora, me reconheço como um furacão
deixo que as ventanias passem por aqui,
destruindo qualquer coisa por dentro.
Reconstruo depois.

quarta-feira, 26 de março de 2014

DA REVOLUÇÃO



(Na foto: tio tony em sua revolução)


"Bem, você sabe
todos nós queremos mudar o mundo"

Ele sempre foi acostumado a fazer o certo, e assim mesmo, tudo que fazia era sempre errado.
Ele ouvia falar sobre a depressão, sobre a constituição, velha e nova república.
De democracia só entendia da sua própria. Gostava da palavra democracia porque começava com a letra D de dado, e no final do expediente de sexta havia os jogos de dados no bar.
De política só entendia da gravata borboleta de Getúlio Vargas. 
De golpe? Vai bem, obrigado. Faço aulas de luta aos finais de semana.
De guerra, inventava sua própria. Pintava a bandeira do seu partido sem muita frescura. As eleições não tomavam muito tempo, o voto era democrático. Sobre qual bebida seus amigos estariam de acordo em comprar.
Dividia seu cigarro, sim senhor, logo, bordou seu socialismo.
Era fácil traçar a divisão entre o certo e errado. Quem não gostava de pegar o bonde na rua São Paulo e descer até o clube era errado, já quem estava lá todos os dias, e de preferência com um isqueiro fácil, era certo.
Não entendia de ismos, preferia decorar o nome do whisky novo que seu zé tinha colocado à venda na mercearia.
De direita e esquerda, preferia mesmo era  ficar no meio da mesa do bar.

Seus amigos queriam mudar o mundo.
 Ele não entendia o motivo de tanto
alvoroço, pois
preferia mudar a si mesmo.

Quando todos começaram a falar de revolução, achou legal, queria fazer parte. Cansou de ser sempre o último a saber das coisas. Prometeu que faria uma revolução literária.

  Mas sem escrever uma única palavra.

Esperto que era, morreu sem ninguém saber. Dos anos 30, deixou só um bilhete na cama que dizia:

"Peça desculpas ao Vargas
 mas esqueci de fazer a tal
da revolução"

sexta-feira, 14 de março de 2014

POIS É POESIA


( Dicaprio interpretando Rimbaud)



                 Hoje São Paulo acordou com poesia
                 acordou sim.
                 No asfalto, no acostamento, nos bares
                 e no poste, por que não?
                 Acordou assim pra me lembrar de mim
                 porque todo dia eu insisto em esquecer.

                 Esqueço que poesia não se faz
                 com calmaria
                 que sofrimento não nos é
                 opcional, ele está lá
                  e só.
                  Aceite.

                 Ninguém quer ouvir suas lamentações
                 na velha mesa daquele bar.
                 Eles querem que você escreva
                 vai lá, bote pra fora
                 pense pense e pense
                 Esquece, que poesia não
                 é pra fazer dar certo, não é
                 pra ficar bonita.
                 É pra te fazer sofrer
                 e só.

                Só você vai sofrer
                eles irão gostar,
                eles irão usar suas rimas
                versadas em tristeza
                pra aliviar sua própria dor.

               Vai, não seja covarde
               todo mundo sabe que
               não sobrará nada para nós.
               Montenegro sabia bem e
               viu cem mil poetas
               todos eles sós.

              Vamos, faça com que todos
              aqueles filhos da puta
              entendam o que Bukowski
              tanto tentou dizer.
              Não aceite esmolas
              não aceite elogios
              não aceite nada dos homens comuns
              não aceite nada de ninguém.
   
             Grite, não tenha medo de
             qualquer ventania, faça
             como José Régio e não
             vá por ali!    
             E se Drummond teve sete faces
             mostre à eles a sua décima.

            Quanto aos literários, mande-os
            todos para o inferno, assim como
            Baudelaire, prove que você também
            é um cemitério odiado pela lua.

           E agora, largue o seu copo de cerveja,
           olhe pra sua maldita mão e perceba
           que eles podem tirar tudo de você,
           pode continuar não lhe sobrando nada
           mas ainda assim, somente você é
           capaz de enxergar sua loucura
           além dos cinco dedos que vê.
             
             


quarta-feira, 12 de março de 2014

AMIZADE DO MEU LATIM: AMAR


(Na foto: duas pessoas que deveriam parar de beber)


Hoje a coisa é simples e eu poderia escrever sobre milhares de coisas. Existem poemas esperando para serem redigidos, existem versos esperando, cada qual, suas devidas rimas. 
Alguns esperam que eu fale sobre as paixões, sobre os amores não resolvidos. E boto fé.

É sempre tão fácil poetizar sobre aquilo que você finge não precisar.

E pra falar a verdade, eu queria mesmo era dizer diferente aquilo que todo mundo sente, mas não consegue expressar. E eu digo tudo sempre tão diferente, não é?
Hoje eu não quero versos, não quero rimas, tão pouco quero poesias terminadas em calmaria. Hoje eu não quero escrever bonito, não quero a forma culta e apreciada, hoje eu quero ser eu.

O eu que você foi capaz de conhecer.

Hoje, quero falar sobre amizade. Estive olhando fotos, escutando músicas, relembrando fatos, rindo à toa. Lembrei de quando um cara (in)comum cruzou o meu caminho, eramos colegiais, só queríamos sobreviver ao nada, ao ócio dos dias que pareciam se arrastar. Achávamos que sabíamos tudo e hoje isso tem lá a sua graça.
Lembro-me das noites em que você me pedia pra colocar meu melhor sapato de dança, então eu ria, porque ambos sabíamos que jamais conseguiríamos dançar.


Se lembra das noites na Augusta?
Da tão tão doce rua terminada
em avenida de nenhum lugar.

Costumávamos rir de tudo, não entendiamos as pessoas sérias. Não precisávamos escrever, nossa arte era só viver, qualquer risco torto em uma folha branca já era suficiente. Tudo podia valer nada, mas não importava, desde que tivéssemos a mesa de um bar,tudo ficava bem.
Não importava se a cerveja era ruim, nós nunca saberíamos diferenciar o sabor dela mesmo. Não entendiamos de lugar ruim, balada ruim, conversa ruim ou música ruim. Você sabia que minha cerveja preferida era aquela quase derrubada no chão, e eu sabia que você não se importava em sair de moletom. E se bem me lembro, o seu preferido era da cor cinza.


Hoje, o sono decidiu me deixar
mandou a lembrança vir e
me cuidar.
Trôpega, cheirando a fumaça
daquele cigarro de filtro azul
que se bem me lembro
você costumava fumar.


Não entendiamos de amores ou de família. Nem sequer entendiamos o que estávamos fazendo em todas aquelas tardes, sentados no muro do metrô, olhando todas aquelas pessoas chatas e jurando que nunca ficaríamos iguais.
Nunca entendemos sobre amizade, nunca contamos segredos um pro outro, nunca estivemos lá na hora certa. Nunca foi pra você que eu liguei nas horas tristes, nunca foi você quem me atendeu. Nunca te escrevi coisas legais ou textos enormes, daqueles que fazem até emocionar.
Mas escutávamos as novas músicas do Killers juntos, e fumávamos da sacada do prédio daquele cara, do qual nunca mais ouvimos falar.

  E eu nunca escutei Killers com mais ninguém.

Hoje tanta coisa mudou, tanta gente passou, tanta coisa rolou e desenrolou. Antes só queríamos incendiar a cidade, hoje é ela quem faz isso. Antes eu sabia a receita pra te fazer ficar.

Hoje você foi e voltou
voltou e foi
eu fui
e você..
E eu aqui, ainda me perguntando
o que é que vai te fazer ficar?

Sempre costumei dizer que amigos me fizeram sofrer mais do que amores. Verdade maior que essa não há. Com você nunca foi diferente. Tivemos nossas fases, nossos mais novos amigos, o que nos fazia rir antes, já não nos faz nem levantar da cama. Hoje temos preguiça de tantas coisas, até de nós mesmos. Você cresceu (principalmente dos lados, né)e eu cresci. De um modo estranho, mas cresci.
Não digo que aprendemos, mas sim, que desaprendemos tantas coisas juntos. Inútil seria perder tempo tentando não lembrar.

Nada é como antes, e agora, agradeço por isso. Que o tempo venha e nos faça mudar, que continuemos não entendendo nada sobre tudo. Que ainda venham muitas mesas para você dormir e pseudo relacionamentos meus pra você destruir. Que as baladas fiquem cada vez piores, para termos sobre o que reclamar, que os nossos planos adolescentes e crescentes continuem oscilando entre um e outro copo de cerveja.

E por hora, com muita ou pouca idade, ainda podemos dançar até o bar fechar.



Ao Guerra.











sábado, 8 de março de 2014

CONSOLAÇÃO



(Na foto: Moeção aurora - Tão doce Paulista)


Um cara tocando sax na paulista
Ah, tão doce paulista!
O som que ressonava me dava vontade
De Dançar e pular
e
Cantar e Gritar
E soar como um sino.
Aquele maldito sino do relógio
 De nenhum lugar.

Rápido e rápido!
Como a batida dos pratos da bateria
 Que o cara tocava
Sem parar!

Quem era ele pra me desafiar?
Tinha que rimar mais rápido
 Do que aquele olhar,
Mais rápido do que a música que
já estava pra acabar e
ahhh
Acabou!
Agora me diga você,

Quem é que ganhou?

terça-feira, 4 de março de 2014

RAREFEITO


"Onde não puderes amar
não demores."


                 ( Na foto: Um Daniel)                                


Na começo da semana li essa frase em uma camiseta. É daquelas frases pra se entender no ato, e eu sou uma dessas pessoas que entendem tudo assim, no ato.


Mas é um fato que você desatou
tudo assim
no ato.

E é coisa que eu sei, você e todos sabem, que amores são tantos, são vários e são todos no plural. Os relacionamentos têm cumplicidade paixão e conforto, mas eles não me servem. Os romances são sempre mais bonitos. De tão bonitos, eles fazem músicas. Fazem até poesia.
E agora eu fui ali na pia e tentei segurar um montinho de agua com as mãos.
Não dá, e é verdade o que disseram:

Ela escorre entre os dedos.
Ela não fica;
Ela se esvai.

Segurar um montinho de água com as mãos é tão rarefeito quanto tentar segurar seu coração só pra mim.
E amor tem que rimar, ou não é amor. Precisa rimar no dia e na saudade, na sobriedade e na ebriez.

Eu soube, ali naquele abraço
que você tinha subvertido algo
em mim.

Amor tem que ser livre, pra você e pra mim. Ter a graça de um refrão, durar três ou quatro canções. Durar até o final do carnaval, e se te servir, até o carnaval do próximo ano chegar.

Ou até o inverno chegar, porque eu gosto
de te ver tomar a sua cerveja
enquanto espera a chuva passar.

Quando me disse que todo coração só precisa de um pouco de carinho, eu acreditei. E até deixei você me mostrar, de verdade, em todas aquelas tardes, como é que se planta aquilo que chama de afeto.

E agora fevereiro já passou, e assim como na canção que te fiz, vou repetir que não é preciso pressa, ainda posso te ouvir cantar o sabiá, dessa vez, até quando for bonito lembrar.


E se não virar, que a frase sirva de recordação.
Se não houver amor, não hesite em ir.

Para um Daniel
    

(Nota: mudei o layot do meu blog e essa postagem, SÓ essa postagem, ficou toda embucetada na configuração e nunca mais quis voltar ao normal)  

domingo, 2 de março de 2014

TENHO AMOR SIM



Eu tenho um amor perdido
De olhos torpes e vastos
Um amor que vira sim
e às vezes não.

Eu tenho um amor latino
liberal
sôfrego e
que passa rápido igual
carnaval.

Escuta bem, meu amor
o teu avião já alçou voo
E aqui, eu escrevo por
amar-te bem mais
do que um rapaz latino 
americano é capaz.

(Mas)

Hoje vou sambar bem
à dois sim
Por você e por mim.


                                                                    Fevereiro/2014

sábado, 1 de março de 2014