sexta-feira, 4 de abril de 2014

GIOVANNA SABIA MESMO COMO GOSTAR



Eu gosto de você,
André dizia.
Giovanna sempre foi rápida em entender as coisas, mas
em matéria de amor sua nota era baixa.

Eu gosto de você - ele dizia, enquanto segurava seus dedos e 
Giovanna sempre  respondia o monólogo doce dele com um sorriso sincero.
                                                                     Monólogo sim.   
       Giovanna sempre deixava André falando sozinho. Não por não saber o que falar, tampouco por não
    gostar de conversar, mas sim porque ficava observando as linhas que se formavam nas sobrancelhas 
                             de André toda vez que ele ficava sem resposta. Achava-o tão bonito. 
  Quanto ao tal do gostar, preferia pensar de outro modo.
Do seu modo singular, gostar não bastava.

Eu gosto de você,
André dizia.

Giovanna não entendia, até se esforçava e ninguém podia dizer o contrário.
- Mas é que gostar não basta - pensava.
Giovanna gostava do seu chapéu listrado;
gostava da sua pele de papel;
gostava do modo como ele gesticulava com as mãos;
gostava das sobrancelhas arqueadas.
Acontece que, gostar dessas coisas era simples, complicado mesmo era definir
André só no "gostar"

Eu gosto de você,
André dizia.

Giovanna gostava dos amigos que tinha;
gostava de ir ao cinema;
gostava de conhecer gente nova;
gostava de música francesa e de tomar café;
gostava de descansar as mãos na água corrente
porque, estranhamente, isso lembrava André.
Giovanna gostava de tanta coisa

só não gostava de  gostar 
de André.

Giovanna não se importava com o
silêncio de André, com sua aparente
falta de atenção ou de interesse.
André nunca ligava ou perguntava como ela estava.
Em André, quase não sobrava tempo pra Giovanna.

[[Isso deveria incomodar qualquer mulher]]

Mas não incomodava Giovanna.
Ela não se importava com quem André saia, à que horas voltava pra casa
Quantos amores ele teve antes dela e se algum ainda o procurava.
Se tinham algo certo ou indefinido.
É que Giovanna tinham mesmo era preguiça de perguntar.

E insisto, que, não por não se preocupar
A verdade mesmo é que só Giovanna ainda não
entendia que essa sua falta de interesse
é que é gostar.

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