quarta-feira, 12 de março de 2014

AMIZADE DO MEU LATIM: AMAR


(Na foto: duas pessoas que deveriam parar de beber)


Hoje a coisa é simples e eu poderia escrever sobre milhares de coisas. Existem poemas esperando para serem redigidos, existem versos esperando, cada qual, suas devidas rimas. 
Alguns esperam que eu fale sobre as paixões, sobre os amores não resolvidos. E boto fé.

É sempre tão fácil poetizar sobre aquilo que você finge não precisar.

E pra falar a verdade, eu queria mesmo era dizer diferente aquilo que todo mundo sente, mas não consegue expressar. E eu digo tudo sempre tão diferente, não é?
Hoje eu não quero versos, não quero rimas, tão pouco quero poesias terminadas em calmaria. Hoje eu não quero escrever bonito, não quero a forma culta e apreciada, hoje eu quero ser eu.

O eu que você foi capaz de conhecer.

Hoje, quero falar sobre amizade. Estive olhando fotos, escutando músicas, relembrando fatos, rindo à toa. Lembrei de quando um cara (in)comum cruzou o meu caminho, eramos colegiais, só queríamos sobreviver ao nada, ao ócio dos dias que pareciam se arrastar. Achávamos que sabíamos tudo e hoje isso tem lá a sua graça.
Lembro-me das noites em que você me pedia pra colocar meu melhor sapato de dança, então eu ria, porque ambos sabíamos que jamais conseguiríamos dançar.


Se lembra das noites na Augusta?
Da tão tão doce rua terminada
em avenida de nenhum lugar.

Costumávamos rir de tudo, não entendiamos as pessoas sérias. Não precisávamos escrever, nossa arte era só viver, qualquer risco torto em uma folha branca já era suficiente. Tudo podia valer nada, mas não importava, desde que tivéssemos a mesa de um bar,tudo ficava bem.
Não importava se a cerveja era ruim, nós nunca saberíamos diferenciar o sabor dela mesmo. Não entendiamos de lugar ruim, balada ruim, conversa ruim ou música ruim. Você sabia que minha cerveja preferida era aquela quase derrubada no chão, e eu sabia que você não se importava em sair de moletom. E se bem me lembro, o seu preferido era da cor cinza.


Hoje, o sono decidiu me deixar
mandou a lembrança vir e
me cuidar.
Trôpega, cheirando a fumaça
daquele cigarro de filtro azul
que se bem me lembro
você costumava fumar.


Não entendiamos de amores ou de família. Nem sequer entendiamos o que estávamos fazendo em todas aquelas tardes, sentados no muro do metrô, olhando todas aquelas pessoas chatas e jurando que nunca ficaríamos iguais.
Nunca entendemos sobre amizade, nunca contamos segredos um pro outro, nunca estivemos lá na hora certa. Nunca foi pra você que eu liguei nas horas tristes, nunca foi você quem me atendeu. Nunca te escrevi coisas legais ou textos enormes, daqueles que fazem até emocionar.
Mas escutávamos as novas músicas do Killers juntos, e fumávamos da sacada do prédio daquele cara, do qual nunca mais ouvimos falar.

  E eu nunca escutei Killers com mais ninguém.

Hoje tanta coisa mudou, tanta gente passou, tanta coisa rolou e desenrolou. Antes só queríamos incendiar a cidade, hoje é ela quem faz isso. Antes eu sabia a receita pra te fazer ficar.

Hoje você foi e voltou
voltou e foi
eu fui
e você..
E eu aqui, ainda me perguntando
o que é que vai te fazer ficar?

Sempre costumei dizer que amigos me fizeram sofrer mais do que amores. Verdade maior que essa não há. Com você nunca foi diferente. Tivemos nossas fases, nossos mais novos amigos, o que nos fazia rir antes, já não nos faz nem levantar da cama. Hoje temos preguiça de tantas coisas, até de nós mesmos. Você cresceu (principalmente dos lados, né)e eu cresci. De um modo estranho, mas cresci.
Não digo que aprendemos, mas sim, que desaprendemos tantas coisas juntos. Inútil seria perder tempo tentando não lembrar.

Nada é como antes, e agora, agradeço por isso. Que o tempo venha e nos faça mudar, que continuemos não entendendo nada sobre tudo. Que ainda venham muitas mesas para você dormir e pseudo relacionamentos meus pra você destruir. Que as baladas fiquem cada vez piores, para termos sobre o que reclamar, que os nossos planos adolescentes e crescentes continuem oscilando entre um e outro copo de cerveja.

E por hora, com muita ou pouca idade, ainda podemos dançar até o bar fechar.



Ao Guerra.











Um comentário:

Palavrinhas do leitor