sexta-feira, 7 de novembro de 2014

PROFUNDA CALMARIA


Foto: Luisa Soares

O mar é calmo e leve como o vento,
me encontro sentada na beira
do deck com as ondas
preguiçosas indo de encontro
as pedrinhas onde afundo meus pés.

[Risadas próximas de um clown
que toca seu acordeão]

Meu âmago cheio de meu próprio ser
desliza tranquilo por
entre chakras e mantras
iluminados pela luz do luar.

Na relva ouço o canto dos pássaros
em uma bela sinfonia, como uma
orquestra bem ensaiada onde
o maestro é a mãe natureza.
Eles cantam em coro rodeando
o balbuciar sôfrego das
corujas e o tec tec tec
da minha máquina de escrever.

Vejo um verde que contêm todas
as cores do universo transpostas
em si

Tons rosados que desabrocham do
topo da folhagem,musgo marrom
esverdeado metamorfoseado nas
pedras que, esculpidas uma nas outras,
formam uma escadaria até o
infinito do céu.

Os insetos insistentes voando ao redor
da lâmpada acessa,
uma janela entreaberta
em que a cortina trepida, lânguida,
saudando o novo dia

A fumaça de um cigarro inexistente
se dissipando junto ao
sereno da manhã.

E o mar que continua ali
silencioso,inerte e só.
Imenso e completo
cheio de seu próprio vazio.
Imerso em sua solidão, e como um
gato selvagem observa o movimento
ao seu redor, com seus grandes olhos
de profundidade.

Olhos oblíquos do mar
que estão sempre a te fitar.


Florianópolis
Novembro/2014