quarta-feira, 21 de maio de 2014

DOR DE DENTE

Ouço a sirene da ambulância tocar ou seria do carro da polícia? Já não sei dizer. Vejo luzes do giroflex se misturar, às luzes da maçã de natal penduradas na minha janela.

Me dobro sobre a dor física pensando que tem me pregado uma peça indecorosa e ruidosa bruta.
Têm me enganado a tal ponto que já não sei diferenciar
a lamuria de uma dor fisiológica com a dor esquizofrênica da minha mente que tem se transformado em estrada sinuosa.
Tenho passado ruas escuras Tortuosas Tenho desistido de rimar por perceber que não acalenta mais minha dor.
Sinuosa minha mente anda ficando assim, com todo esse vai e vem.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

PIERROT


O bairro tem cheiro de pimentão
                               e dos verdes,
Eu disse enquanto te olhava
e você me mimava
                     Acendia um cigarro e dava um trago,
Deixava a fumaça se dissipar
enquanto me compadecia
                    com seu olhar.

Você falava sobre a Nouvelle Vague e
eu pintava Renoir
                E eu dizendo que tua pele branca
                combinava com seu olhar.

Teus olhos, uma contradição:
                 Vitória, bom dia meu amor!
Ignorei sua insistência,
Sua estupidez em me falar
                     de outra mulher.

Componha uma música para mim
                         meu pequeno Pierrot
Coloque nela o cheiro de pimentão
e esqueça do Arlequim.

Componha uma música para mim
meu pequeno
e
indeciso
                  Pierrot.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

LOS AMORES CIGANÕES


Eis o começo de uma nova situação;

A data: Faz diferença? Não lembro nem qual foi o meu almoço de hoje, acha mesmo que vou lembrar a data dos acontecimentos?
Dia desses me emprestaram um livro, e aliás fico me perguntando por que tudo sempre tem que começar com um livro. 
Bom, faz diferença? Ah faz, porque nesse livro tinha uma pergunta: "o amor acontece ou ele vira?" Lu, Luiz, Luiz Henrique, como preferia ser chamado, era o nome do personagem do livro. Nome não, pseudônimo. Como ele era um agiota, precisava de um nome melhor que o seu próprio. Pseudônimos. Tá ai uma coisa engraçada. O cara pra quem vou escrever essa 'historinha" também gosta de usar essa coisa babaca de pseudônimo. Franja. Não, não me perguntem se ele tem merda na cabeça. Perguntas óbvias deixemos para depois. Quem tem merda na cabeça sou eu mesmo. Franja. Ganhou esse apelido bacana no colegial. 
Ah, os tempos de colegial. São aqueles tempos que fizeram os seus pais, em um lapso de lucidez momentânea, sentirem vergonha por terem te colocado no mundo. E acredite, sem exceção de pais. Franja, vulgo, Daniel. Loiro, sardas, olhos cor de mel, sapato social, chapéu, suspensório e vendedor de cervejas. Nunca comeu doce de abóbora da vovó. Mas sua cerveja preferida é sabor abóbora. E sim, existe.
Daniel, que em alguma brincadeira sem graça do Sr. Destino, decidiu voltar para minha vida. Justo quando eu não acreditava mais em destino.Cada pessoa tem uma maneira diferente de descobrir que nutre um sentimento de afeto por outra. Em termos mais conhecidos (e juvenis) descobrir que gosta. Eu, como sempre, escolho a que me faz parecer uma idiota. 
xxxxx
Acendi o cigarro, dei umas duas tragadas, enquanto minha melhor amiga falava:
 " É...é. Esse cara é estranho"
 "Não fala assim"
 "Peculiar?" - arriscou, me olhando com desdém
"Peculiar" - concordei  "porra amanda, ele sempre foi o cara mais irritante"
 " hm" - assentiu com a cabeça, enquanto tirava a caixa de cigarros da minha mão.
 "E o mais chato"

 "E agora você fica enfiada no serviço dele, todos os dias, sempre arrumando uma desculpa barata pra passar lá"
"E daí, ele trabalha aqui do lado..." 
"Precisa de dois ônibus pra chegar" 
" Mas não leva nem 30 minutos! " - aquiesci, me sentindo intimidada Foi ai que vi os olhos dela brilhando. Mas aquele brilho que você vê chegando igual nuvem de chuva, vem bem de longe e quando se dá conta..fodeu. 
" Só podemos recorrer a uma pessoa" 
" Não, não, não! Eu jurei que nunca mais faria isso" - Amanda se limitou a me olhar com desinteresse, com seu ar vil e superior. Olhou para o telefone. "Não vou fazer isso..tá, uma pergunta não mata ninguém,né? "
Tocou duas vezes. Três. Na quarta xinguei minha amiga, mentalmente, de puta.
 "Alô?"
 " Oi..sou eu. É, pois é, outra vez"
 "Queriiiiiiiiida, tudo booom? A voz dela era tão irritante que já fez com quem me arrependesse -" é, bom, bom não tá né, mas tamô ai"

"Quem é o rapaz desta vez?? Aí não me diga que é aquele zedec, sei lá o que, outra vez né? "

 Estremeci. Vaca maldita, puta analfabeta. Por que tinha que citar o nome do ex, que nem ex direito era? Será que é pecado xingar uma cigana? Pode dar azar no amor. Li em algum lugar. Se bem que pior que tá, não fica. De repente essas frases clichés faziam tanto sentido.

" melch..ah rosa, não, não, não é ele" - Como assim "quem é o rapaz desta vez?" como se eu tivesse tantos que fosse difícil lembrar. Se bem que..melhor deixar pra lá. 

"Vamos lá! Relaxa, descruza as pernas, não contrai" 

Não, eu não estava ligando para uma parteira. Mas sim, pra única mulher do mundo que sabia de todos os meus romances mal resolvidos. Minha taróloga.


("você devia escrever com a mesma delicadeza que me conta as coisas" Ai eu aceitei a proposta.)

ROMANCE DÁ NO QUE FALAR




admirável público
eu não sei mais
 poemar
POETIZAR
De ruas passo, cambaleio
                 DE PASSO EM PASSO
o que mais dá visualização

a alegria de quem estava olhando
ô manoel manda a cerveja ai
 ROMANCE TERMINADO EM EL

Ele era boêmia, era um bom malandro
admitam  
gostam de me ver escrever daniel

O que tem esse nome?
Esquinas da Paulista
noite fria de um final de inverno    

                                                                                                                     O maldito era boêmia pura
 Inverno rima com inferno?

DAS paginas de um novo livro

ABS.TRAÇÃO


quinta-feira, 1 de maio de 2014

365 DIAS DE GABRIEL (éis)


Serei breve,

Existe poeta mais preguiçosa que eu? Deve existir sim mas o prêmio seria meu viu.
Eu comentei que iria postar os capítulos daquele meu primeiro livrinho que fala de Gabriel e tanto El que todos sempre perdem a conta, né? Pois bem, a preguiça me pegou e também eu sei que ninguém conta com toda a paciência do mundo pra ficar acessando aqui e lendo capitulo por capitulo.

E também eu gosto tanto dessa minha primeira experiência ~literária~ que seria um mimo saber que ele tá rodando por ai no computador, celular (e todas essas coisas tecnológicas) de vocês. Então ele está disponível em PDF e na íntegra, sempre quis falar isso, para quem quiser baixar, visualizar, dar opinião, rasgar, queimar ou entregar pra algum Gabriel etc.
Só pra lembrar, o PDF é o "original" ou seja, cheio de erros de concordância e português que não tive paciência de arrumar ainda, não esperem uma escrita como Drummond ou Bukowski, eu não tinha a menor ideia do que estava fazendo e olha..ainda nem tenho.

Só entrar no link abaixo e pronto!
365 Dias de Gabriel (éis)

E ah, já que você tá aqui, vou aproveitar pra contar uma novidade, uhul. Eu decidi que escrever só poesia não basta, tô me arriscando e escrevendo umas coisas por ai, uns livros que pretendo publicar, bacana né? Tô morrendo de medo, confesso, mas uma hora a gente precisa sair daquela famosa zona de conforto.

O primeiro deles é um livro de contos sobre a cidade de São Paulo, mais especificamente, sobre a Rua Augusta e alguns bairros por ai. A história é narrada através de cinco personagens que frequentam os bares de SP, traçando encontros e desencontros, conflitos e filosofias de buteco. Talvez, mas só talvez, fique pronto no final de Maio e eu também vou deixar ele disponível.

O segundo será uma biografia não ficcional de um cara, chamado Romualdo Bella, que foi um dos integrantes daquelas escuderias dos anos 60/70. Esse ainda é segredo e não tem previsão e pretendo publicar com editora e tudo. Puta desafio!

Bom, é isso.Aproveita também e dá uma olhadinha no blog, andei postando umas coisinhas rs
E se alguém souber de algum curso de "aprenda a ser breve" me avisa que não sou boa nisso.

DESDE SEMPRE FUI POETA



Desde sempre fui poeta e descobri
como é fácil ser estrela quando brilhar
é tudo que você menos quer.

Desde sempre fui poeta por insistência
do meu pai,
que me acordava todo dia com um disco
na vitrola
cantando e dizendo que o canto era bom.

Mas
não entendia por que é mesmo
que eu continuava no mesmo lugar
se me diziam sempre que se fosse
poeta eu poderia viajar.

Desde sempre fui
                         Mas fui o quê?
Fui um rosto entre milhões,
a sinfonia de uma não abstração
A rima, quase sempre esquecida,
de uma canção.

O não
e [é]
o
sim, misturados em mim
sem nenhum tipo de solução.

Um silvo claro que sai oscilando
em busca
de qualquer escuridão.

                          Eu sou
                          o que sou
                                        É pra ser então?
Desde sempre fui poeta
e isso porque não me foi
ofertada nenhuma outra opção.